terça-feira, abril 19, 2005

A busca da credibilidade hoje é a confiança adquirida para o futuro!

O bom senso que tomou conta dos que determinam os rumos da política econômica já demonstra sinais de êxito até o presente momento. Além do desempenho satisfatório da economia brasileira em 2004, o fim do acordo com o fundo monetário internacional demonstra a eficácia da nossa política econômica e o respeito que está sendo adquirido por ela no âmbito externo. A pergunta que fica no ar após o fim do acordo é, com certeza, se a rígida postura adotada pelos “policy makers” brasileiros deve ser mantida ou suavizada?

Passado já dois anos de governo Lula, as receitas ortodoxas rígidas de política econômica têm obtido ganhos significativos de credibilidade. Tanto que, como já foi dito, ocorreu o fim do acordo com o FMI, que estipulava objetivos a serem alcançados pela política econômica com a ameaça de rompimento caso o governo não se esforçasse em alcançar as metas estabelecidas. Com o fim desse compromisso com o FMI é fundamental que se mantenha a mesma postura adotada, até mesmo com um grau maior de rigidez para que os agentes econômicos acreditem piamente que não iremos agir de forma insensata (já que podemos andar com nossas próprias pernas) como o próprio presidente tantas vezes proporá no passado. Ao que me parece, o governo não sossegará na busca da credibilidade (o que é coerente), pois como pode ser visto, por exemplo, a atuação do Banco Central na compra de dólares no mercado já sofreu uma queda brusca com relação ao início do ano, quando o governo atuou diretamente no processo de desvalorização do real. Uma vez que o Banco Central deixe o real se tornar cada vez mais forte frente ao dólar é nítida a sua intenção de usar a taxa de câmbio como ferramenta no combate a inflação.

Ademais, uma vez que já se tenha à confiança plena dos agentes econômicos, os elaboradores da política econômica podem ter uma margem de manobra maior, ou seja, menos rígida permitindo que a demanda agregada expanda-se um pouco no caso em que a utilização dos fatores esteja muito aquém da sua capacidade máxima. Entretanto se a estagnação econômica vem se mostrado muito persistente, e aqueles que determinam os rumos da política econômica já tenham adquirido a confiança do mercado, pode ocorrer que os próprios agentes entendam as razões do não-controle rígido da demanda agregada fazendo que os “policy makers” não percam credibilidade por não fazê-la.

Um fato interessante ocorreu na França com o Governo Socialista na década de 80. Em um primeiro momento ele agiu de uma maneira insensata na conduta da política econômica, pois desconsiderou a resposta dos agentes econômicos a essa situação. Porém, através de uma política fiscal e monetária rígida, além do custo de altas taxas de desemprego, a credibilidade foi conquistada, e posteriormente, teve uma certa margem de suavização das políticas monetárias e fiscais para o combate da estagnação econômica pelo fato de que os agentes entendiam a necessidade da suavização das metas estipuladas.

Uma vez que os agentes econômicos acreditem que as ações dos controladores da política econômica não afetaram de forma desordenada levando a uma inconsistência dinâmica as varáveis reais da economia, é possível que haja um afrouxamento das metas estipuladas para a conquista da credibilidade. Portanto, é fundamental o mantimento dessa postura adotada pelo Governo brasileiro, pois no médio prazo, será possível um afrouxamento dos objetivos da política econômica.