sexta-feira, abril 01, 2005

Quando o Bom Senso Supera o Consenso!

Basta abrirmos os jornais de economia e finanças, ou assistirmos os noticiários que veremos um certo consenso que parece se tornar, cada vez mais, uma verdade universal no nosso país: a "altíssima" taxa de juros definida pelo Banco central é um entrave ao crescimento e desenvolvimento da economia brasileira. Essa incessante critica da heterodoxia (refiro-me a esse grupo de críticos específicos, pois os leigos da ciência econômica que sugerem, incessantemente, alterações na política monetária, devem ser desconsiderados) parece não ter muitos fundamentos.
Em primeiro lugar, parece que os críticos heterodoxos desconsideram o fato que o Brasil no século XX foi o sexto país que mais vezes deu calote em seus credores -tanto internos quanto externos. Vejamos, é de se esperar que o concessor de créditos a um "mau" pagador o faça com uma prêmio de risco (taxa de juros) muito elevado, pelo fato da possibilidade de calote ser elevada. Esta racionalidade tão simples nada mais é do que aplicação pura de microeconomia (teoria dos jogos).
Outro fato no mínimo curioso a respeito das críticas a política monetária e fiscal exercidas pelo banco central é a sua insistência mesmo diante dos resultados apresentados pelas variáveis macroeconômicas. O PIB apresentou crescimento de 5,2% em 2004, taxa de desemprego atingindo seu menor resultado de toda série nova do IBGE em dezembro de 2004 e mantendo-se abaixo da média de todo o período da pesquisa, assim como, a agroindústria com ótimos resultados e a produção industrial apresentando altos índices em todos os seus setores. Enfim, com a economia em expansão nada mais correto do que uma política monetária contracionista para controle do processo inflacionário que deterioriza principalmente o salário real dos trabalhadores de baixa renda que não tem a possibilidade de defesa através do sistema bancário.
Talvez esteja faltando um pequeno ajuste para sincronizar o funcionamento da política monetária. Isso poderia ser uma taxa de câmbio completamente flutuante sem intervenção do Banco Central e do Tesouro Nacional através da aquisição de dólares no mercado financeiro (fato que se mostrou bem marcante em 2004). Desse modo a política monetária se tornaria mais eficiente no enquadramento do nível geral de preços sem ter que apertar tanto na taxa de juros.